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domingo, 6 de maio de 2012

é

Acabei de chegar a casa. As portas desfalecidas, as janelas já com um tom baço, cansadas de serem espelhos para os de fora, darem luz para os de dentro. As escadas ainda meias escorregadias cá fora e o seu corrimão com um toque meio áspero, graças às tintas não renovadas. Aqui vivia, meia pacata, insegura. Já  cá me dei a conhecer, conheci-me por vezes. E o cigarro que fumava recheada de prazer encostada à parede na minha dócil adolescência, já me mata aos poucos. Sinto-o, não me nego da verdade, suporto-a. E calmamente deixo-me vaguear pelo corredor, as minhas pernas magras a perseguir a rotina, como já me é habitual. Sento-me na secretária e a cabeça enche de problemas secundários, já que tenho como prioridade saber onde vou buscar dinheiro para pagar a luz amanhã, para comprar comida para os miúdos.
Às vezes dá-me para reflectir no passado. Já sei que ele é incapaz de mudar, não pode, passou. Mas, por mais que queira esquecer, existem sempre coisas que se colam na memória, só para termos de pensar nelas. Às vezes, temos de pensar nelas nas circunstancias mais caricatas. Só porque elas querem e nós só temos de deixar.
Foi aí que me suspendi no tempo e me perdi naquilo que era o meu raciocinio naquele instante:
E eis a cabeça de um adolescente: muita maturidade para pouca compreensão vinda do próximo.




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