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terça-feira, 20 de julho de 2010

'Puxar pela cabeça'

Estou sentada. Realmente, estou mais uma vez sentada, intacta, roendo as unhas, se é que ainda as tenho. O meu coração estremece, e selo a boca com medo que ele salte repentinamente por ela afora. As minhas mãos tremem e sinto realmente que deva sugar-me para o exterior de todos os pensamentos e dúvidas que o meu corpo me coloca. Foste realmente o pecado que me atormentou a alma, e desejo apenas que agora, me possas perdoar pelo facto de te amar tanto quanto amo. Mas agora, é impossível largar todos os momentos, como se faz com restos de comida atirados no lixo. E não consigo, retirar de mim todas as caricias a que me deixas-te sujeita.
E bem que Saramago disse "Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara".
Talvez, tenha pousado aí mesmo o meu erro. Reparei no mesmo instante em que te olhei. E nem vi. Nem vi a pessoa que eras, quanto mais aquilo que mostravas. E trepei, como que dizendo, uma etapa que não devia saltar. Desconsiderei-a, sem realmente dar valor à sua importância. Talvez por ser uma palavra pequena, ou até mesmo por ser uma palavra menos digna de ser digerida formalmente. A palavra 'reparar' é palavra que falada, se sente mais digna, mas requintada, se me permitem. Ou então digo isto pela minha ingenuidade. Não faço a mínima ideia do que passa na mente de um adulto. Nunca o fui e se já me esforcei por o parecer, foi somente pelas palavras que citei. Porque, na realidade, a minha mente, continuou a mesma. Pensando em romances de 400 páginas, e com desejo de encontrar a revista que leio com que sempre me dou de cara nas bancas (Ler - livros e leitores). Sempre foi isto que a minha mente desenvolveu. A leitura. E agora, com tudo o que a vida me pôde ou me quis transmitir, tenho medo de abrir um livro a meio. Porque, sabes, a minha vida sem ti, a quem amo verdadeiramente, é comparada a um livro com páginas rasgadas - não tem sentido. 


Agora continuo sentada, intacta, tentando roer as unhas que já não tenho. Não consigo sair daqui. Sofro do mal mais ruim do mundo: a força do amor.


sara m. silva

8 comentários:

  1. e tu também, adoro sempre os teus textos :3

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  2. Gosto imenso da frase que arrematas o texto.
    Está fantástico!

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  3. muito obrigado :) aquilo foi um texto que me saiu num dia em que a minha capacidade para escrever estava quase a 0's. A única pessoa que disse que não percebeu um cú (desculpa xD) do texto foi o meu namorado - nem eu percebi bem xD
    Gostei deste :b

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  4. sim, deve haver quem os entenda provavelmente xD
    vou seguir (:

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  5. Vim parar aqui pelo teu hi5 e tenho a dizer que li varios textos teus e estou admirado pela tua capacidade de escrita, és incrivelmente boa a escrever! , continua assim, que é da maneira que no futuro serei seguidor fiel ao blog +.+

    Beijinho*

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  6. ainda bem que aprecias, realmente é mesmo verdade que o sexo masculino é em geral pobre na escrita, mas pronto.
    tambem passei a seguir [ é o melhor blog deste tipo escrita , que vi ultimamente +.+ ]
    (;

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  7. Obrigada, e claro que não me importo, vou fazer o mesmo. Beijinhos

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