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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

sensual

Com o cabelo bastante arrojado, a sua saia pomposa e um rosto fino, transpirava beleza ao descer a rua da Nova Gaia. Era a protegida da cidade, a musa dos desejos, capaz de enlouquecer qualquer homem quando (com ou sem intenção) deixava cair a mala Chanel um pouco ao lado do sapato preto envernizado e a apanhava enquanto a cidade caía em pausa na tentativa de olhar os seus glúteos firmes, tal como mostrava a Vogue da semana passada onde foi capa de revista.
Uns diziam que tinha comprado o corpo, silicone bem aplicado, umas peles puxadas, efeitos que com o charme que tinha por natureza lhe acentavam que nem uma luva.
Foi aí que fez a visita ao Boticário, onde compra cremes de cheiros mais intensos e afrodisíacos dada a visita do namorado nessa mesma noite. Namorado esse que se comprou pelo dinheiro e que em comum só têm a ambição, que só a procura pelo interesse e pelos escândalos que causa com a imprensa, algo que lhe satisfaz todas as necessidades de propaganda à sua boate moribunda e porca.
Ao sair, tomou a liberdade de tomar um café, como disse "descafainado curto, se fosse champanhe fazia-lhe um brinde à fama do estabelecimento pela minha presença." Demorou breves instantes a tomar o pedido, fazendo mais um pouco de tempo enquanto desfolhava rapidamente as revistas numa tentativa de se manter ocorrente da fama de Paris e dos seus passos na moda.
Pagou assim o café, e atirou para a bandeja uma gorjeta dada de modo grosseiro, que se para ela eram migalhas, para o empregado cheirou a ouro, chegando este a pensar no que fazer com o dinheiro, provavelmente pensou se não deveria partilhar com os companheiros,se não deveria comprar uma lembrança à moça da livraria por quem sentia grandes impulsos ao olhar pela vitrina.
O relógio contou onze e meia e esta optou por abandonar o establecimento. Levantou-lhe então uma expressão que o deixou confuso, observou o seu olhar sedutor... ou então uma simples transmissão de superioridade que não tinha, talvez seja maior a certeza dessa possibilidade.
Saiu do estabelecimento e automaticamente ouviu o barulho das cadeiras a azusarem no chão enquanto todos se encostavam à porta na tentativa de lhe tirarem as medidas duas ou três vezes.
Tinha dinheiro, era capa de revistas, Miss tudo, nomeada para melhor atriz, melhor modelo, tudo o que os Óscares pudessem usufruir. Em contraposição não tinha nada. Não tinha companhia para chorar num dia menos bom, nem afetos, nem bom senso. Estava sozinha, e mesmo assim o mundo todo corria atrás dela. Desculpem,não me atrevi a perguntei a sensação, mas presumo que seja deprimente ter tudo e ao mesmo tempo não ser nada.

saramsilva

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Obrigada pela visita