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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

tempo ao tempo

Preciso de escrever. De chorar tudo o que tenho a chorar, de deixar palavras me escorrerem pelo rosto, quente, já gasto. Deixa-me fechar os olhos. Imaginar-te. A ti, ao que faria de nós se não faltasses aqui, como se isto fosse impedimento para entender o vaguear dos meus passos por este corredor, vezes sem fim a arrastar a carpete com as sapatilhas que já não descolam muito bem do chão.
Fazes falta. Nem que seja para te ver naquela cama, a respirar. Só precisava de te ver a respirar. De sentir o calor da tua respiração na minha cara, e pousar-te a mão no peito como quem diz 'estou aqui', numa linguagem que nós bem sabíamos entender. Só nós. Eu. Tu. Aquele quarto. O quarto onde tu já não te encontras, onde repousavas a beleza que ficou intacta, não poderá mudar. Ficas tu num estado que eu não sei bem explicar, meia pálida e imóvel. Nem respirar respiras. Se te fizer sinal de que estou aqui, já não tenho certezas de que o sabes. Mas eu pousei-te a mão no peito, de novo, mais uma vez, como quem espera uma reacção, que nem anteriormente me foi dada. Mas desta vez, senti-te fria, meia perdida num olhar que nem via. Deixa, acontece a todos. A verdade, é que não foi uma despedida. Isto é só mais uma prova de que tudo aquilo que passamos não foi em vão. E que mesmo que o teu coração não bata, o meu vai bater pelos dois. E vou ter o teu pensamento, o teu sorriso, aplicar o que achavas ser mais certo, tudo dentro do meu coração, bem guardado, selado. Manter-te na memória, saudar a tua presença em mim.
"Não sejas assim, tão forte, tão dura contigo mesma e com aqueles que te rodeiam. Eu era assim. E a verdade é que ser forte acaba mais cedo ou mais tarde por se tornar uma fraqueza."
Não sei dizer palavras melhores que as tuas. Até breve tia. As pessoas podem não ser, mas as palavras, essas são eternas


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