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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

esquecer-te

Ainda hoje senti que pecava com o olhar. Inclinada sobre a almofada, sentia a tua respiração suave bater-me na face e os cabelos a deslocarem-se tão lentamente que me faziam cocegas nas bochechas. Tive medo. Medo que os meus olhos falassem, que descobrisses o que sentia só pelo meu olhar que penetrava o teu. Sentia por dentro o brilho dos meus olhos, enfeitiçados, mais teus que meus. A minha mão queria tocar-te mas ao mesmo tempo afastava-se, acanhada pelo medo de uma rejeição tua, medo de ficar mais uma vez de coração amarrado a quem o não tem. Não sei se é verdade, mas prefiro não confirmar, tratar apenas de esquecer, de te esquecer. Enquanto pensamentos como estes me escorriam na ideia, abriste os olhos de novo que só por si ainda se encontravam meios fechados. Vi no teu jeito que te questionaste a razão de estar a olhar fixamente para ti, como algo que ficasse visto pela última vez, sem poder decorar uma vez mais o teu rosto e sentir a tua presença. Mas não falaste, só me colocaste a mão no pescoço, e voltaste a fechar os olhos, adormecendo num espaço de segundos. Apenas sorri, seguindo-me de um estado de nostalgia. Fechei também os olhos. Não posso, não posso. Tratarei apenas de esquecer

Boa semana leitores

1 comentário:

  1. Bastante bom , este texto Sara . Acho que com o tempo tudo o que escreves se está a tornar mais profundo , sério , e bonito de se ler :)

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