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sábado, 26 de março de 2011

carta do futuro

Noto um branco brilhante das nuvens já cansadas de chorar. Sinto-me realmente bela hoje. Com um ar mais maturo que ontem ou até mais infantil, nem sei. A verdade é que o meu sorriso transpira verdade. Que tentando mostrar-me segura, me fiz segura.
Talvez não acredites em mim, mas a solidão fez-me acordar para novos horizontes, apreciar coisas que só costumava ver. Não é fácil Henrique, mas aprendi a lidar com os problemas de uma forma tão sobrenatural, que ainda hoje me pergunto como sou capaz de ser capaz. Desde deixar o meu vício horrível de roer as unhas, a ultrapassar a morte dos meus pais,a vida foi complicada para mim, mas eu acho que de certo modo a surpreendi. Ela não acreditava que eu era capaz, nem ela nem tu nem ninguém.
Não te culpo por isso, ou talvez te culpe e esteja a querer agir de uma forma delicada e dizer que te desculpo, contudo, a vida ensinou-me também a já não acreditar em ninguém, ensinou-me a enfrentar a vida de forma frontal, sem nenhum tipo de apoio que envolva afinidades, antes que caia.
Agora, tenho uma casa, um carro, vida modesta e simples. Passaram-se 13 anos, 13 anos insuportáveis que passei a ler e a (tentar) escrever-te uma resposta.
Sabes que mais?
Pior é amar. Amar como te amei todos estes anos, tirando aqueles que prefiro não contar.
Não é por mal, não me julgues, contudo, os teus olhos ainda me seguem mesmo sem me ver. Andas comigo para todo o lado, apesar do teu desconhecimento quanto este aspecto.
Agora vivo sozinha numa casa que nem conheço. Que importa? Estou bela hoje, bela como nunca me conheci. Talvez vá passear, me apaixone por alguém e me deixes a cabeça, quem sabe!
Sim, sim, é mesmo isso que vou fazer. Nem necessito de me arranjar, deve o meu sorriso de ponta a ponta cativar um cavalheiro simpático!
Pensando bem, acho que já nem te amo, e vendo bem as coisas, sou tão feliz agora, mesmo sem ti...
Termino assim meu amor passado, que sejas tão feliz quanto sou! (Sabes, se não temos as coisas que queremos, temos de aprender a viver sem elas.)



ps: Ah, e desculpa não ter escrito mais cedo, não me culpes. Eu bem que escrevi. Mas as nuvens, essas molharam tudo. Sinto que andavam cansadas de chorar.

2 comentários:

  1. Uma carta de revolta, de sentimentos à flor da pele...que demostra muitos sentiemntos encadeados...denotando-se muita verdade e sinceridade ;)

    Força :)

    Muito obrigado :)

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  2. Obrigada sarinha, já há muito que sentia a tua falta na blogosfera :)
    Uma vez mais, como não podia deixar de ser, brilhante texto. Transparente como água e bastante sincero. Está mesmo muito bonito. Gostei particularmente da parte em que disseste que quando "não temos as coisas que queremos, temos de aprender a viver sem elas".
    Beijinhos

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