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quinta-feira, 7 de março de 2013

ritinha

Que bem que me lembro. Tudo limpinho,quase brilhava, ambas limpámos e ambas tínhamos alergia ao pó. Na génese do acontecimento, no meio de uma névoa esquisita no meio do salão ouvia os teus espirros que sobressaiam ao som do aspirador e quando te queria gozar,espirrava três vezes mais. E sem dúvida alguma que foi a alergia mais gratificante que tive. 
Sabes, penso que vai ser o único post que já te irei dedicar neste blog, talvez por precisar de "te ir escrever para outro lugar",para compensar o tempo e a ausência esquecida de ambas. Procurar-te noutro lugar, que me dizes? Acha-me, pedir-te-ei sem dizer... E desculpa-me as mensagens que ás vezes não fui capaz de enviar ou até mesmo a tua prenda que não fui capaz de terminar, os teus anos que apesar de provavelmente conseguir, não fui capaz de ir... Será que posso confessar? Não posso estar contigo e notar a mudança é que... custa sabes, custa saber que se estiver contigo posso mudar as minhas memórias, posso transforma-las em coisas não tão boas, agradáveis  serenas, oh verdadeiras! Choro, choro muito tudo o que falta agora, melhor dito, choro muito por me faltares. Será que te lembras de mim nos dias bons? Sim, nos dias bons, é que nos dias maus toda a gente se lembra do que perde, das derrotas, nas coisas más. E se não te lembras de mim nesses dias bons, lamento saber que não valho quem sou, que o que sou não chega para completar uns segundos do teu pensar e perdoa-me, mas as vezes coloco isso em questão. 
Mas bem, ainda estamos no salão, no meio do pó, da barafunda, dos sofás tapados pelos lençóis, das ferramentas por arrumar. Foi trabalho árduo diria, ainda por cima estava frio, lembro-me tão bem. Ainda abrimos uns caixotes, chegamos a encontrar uns cadernos que ficaram para a tua irmã usar na escola,todas as limpezas feitas na semana anterior ao teu aniversário. E então ansiosamente contámos os dias para o teu aniversário. Sim contámos, não me venhas dizer que não estavas ansiosa, sei bem que atrás dessa insatisfação estava um prazer bem patente. Foi aí que após várias decisões decidi o que te oferecer: um livro da tua autora predilecta (de momento a de ambas) e a acompanhar uma carta, nem que fosse para hoje te lembrares de mim, agora acredito que seja esse o objetivo dela:
"Para o teu aniversário sinto que devo fazer isto. Porque são 17 anos, porque vejo a nossa amizade crescer ao longo do tempo e quero marca-la com algo, com esta carta por assim dizendo.
Poderia ter falado tudo o que te vou dizer por meio desta folha, mas por mais que seja boa a memória, as palavras iam acabar de qualquer das formas por serem esquecidas. Foi por isso que decidi escrever. Porque é algo que me dá prazer, porque sei que vais guardar, para que um dia se estiver longe te lembres, se estiver perto, recordes. E Rita, obrigada. Sabe bem agradecer quando mereces que te diga tanta vez esta palavra. Pelo apoio. Confiança. Amizade sobretudo, e tão verdadeira, que atingiu uma proporção de tamanho inacreditável, algo que não se adivinha ter com ninguém. 
A verdade é que como dizia Machado de Assis "a amizade sente-se, não se diz". E eu sinto-me sem palavras para descrever tudo aquilo nos une. Só te posso dizer que viver sem a tua presença já não seria a mesma coisa. Ainda hoje recebi uma mensagem tua:  Porque temos de ir para a escola, porque devíamos ir tomar café, porque tens de vir dormir a minha casa já que prometeste. São diversas as razões porque construímos uma amizade tão forte, contudo, se me interrogares sobre essas mesmas razões, não te sei realmente referir quais são. É uma amizade de tal forma estranha, como nós, que só se marca pela diferença, positiva por sinal. E sabe bem ter-te por perto, para me confortares com as tuas melhores palavras, para me ofereceres os teus melhores sorrisos, por estares presente nos melhores e piores momentos da minha vida. São pontos que guardo com referência, como que ter estas recordações fosse algo imprescindível para o meu progresso na vida.... A verdade é que é verdade, e sabes que te fico eternamente grata pelo muito que me deste, decerto que o meu objectivo é retribuir tudo, digo-te eu. Mas sabes? É que é impressionante o valor que as pessoas conseguem atingir dentro de nós
amo-te muito, Obrigada por seres quem és"
Tu choraste, lá sabes tu o bom que isso soube, ver a menina da minha vida a chorar por algo bom. E eu, eu fiquei tão feliz interiormente, senti um êxtase no coração, um brilho de ponta a ponta no meu sorriso e abracei-te na tua cozinha, com o miguel a maria e a tua mãe à lareira, que bem que recordo. 
Tu sabes porque estou a recordar este episódio. Fez recentemente um ano desde este acontecimento. Um ano passou e tanta coisa que mudou, verdade? Nua e crua, quem me dera obter outra receita, esta não surtiu muito efeito em nós. Custa-me tanto dizer isto, soubesses tu quanto custa escrever agora, de mãos frias, cara pálida e molhada. Isto já tinha acabado. Já acabaram as dormidas em ambas as casas, as mensagens frias de boa noite, as raras palavras dóceis, o companheirismo, a união,a amizade. Era bonito não precisar de dizer do tanto que gostávamos de nós para que isso fosse credivel,era evidente,mais puro que agua.  Mas olha: Nunca duvides que isto tudo foi verdadeiro. Amámo-nos, na verdade ainda te amo. No meu consciente e inconsciente és "amiga, melhor amiga, pilar,irmã",mas já não chega. "O amor é como uma planta: Se não a regares, ela vai acabar por secar", já dizia a minha mãe não é verdade? "Titi Lena, Lenita", como queiras chamar. Foi o que aconteceu connosco. De um momento para o outro, perdemos tudo, os hábitos nomeadamente. As lembranças...Será que ainda está tudo contigo?
Com muito amor,Sara. Novamente,Obrigada por seres quem és


Fotografia do salão passados uns dias do teu aniversário
Após a explicação
"Intoxicação alimentar"
17 anos, quando chegarmos de Coimbra a tua casa
nosso primeiro dia de praia 2012
Greve dos transportes, curiosamente incidindo no teste de história
A capa 

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